Ectoparasitoses brasileiras hiperendêmicas

Autores

  • Andrei Ricardo Rodrigues Guedes Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Bárbara Arêas Garbois Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Beatriz Nicolite de Azevedo Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Beatriz Novaes da Silva Camargo Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Gustavo Magalhães Rocha Dias Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Isabelly Regis Cruz Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Juliano Guimarães de Oliveira Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Marisa Silva Rodrigues Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Mônica Dias Ferreira Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Henrique Wogel Tavares Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.

DOI:

https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.675.2.2015

Palavras-chave:

Bicho-de-pé, bicho geográfico

Resumo

Introdução: Ectoparasitoses são zoodermatoses causadas por diversos tipos de agentes que se instalam na pele do hospedeiro, parasitando-o externamente sem atingir a circulação ou órgãos internos. No Brasil, muitas dessas doenças ainda são muito comuns, principalmente em comunidadesde baixo desenvolvimento socioeconômico, sendo que tungíase, larva migrans cutânea e pediculose são hiperendêmicas no país. Objetivo: O objetivo deste trabalho é revisar as principais características das três ectoparasitoses mencionadas, avaliando seu diagnóstico e tratamento, assim como as principais medidas preventivas e de controle. Metodologia: Será feita a revisão sistemática de livros e diversos artigos brasileiros disponíveis nos maiores bancos de dados on-line (Scielo, PubMed, Bireme e outros). Discussão: As três ectoparasitoses hiperendêmicas, no Brasil, são tungíase, larva migrans cutânea e pediculose. A tungíase, conhecida como “bicho-de-pé”, é uma doença zooantropofílica. Seu agente causador é a fêmea fecundada da Tunga penetrans, pulga hematófaga que habita ambientes secose aeronosos. Possui alta morbidade em localidades pobres, tanto rurais quanto urbanas, sendo que, em alguns desses locais, pode infestar mais da metade da população, acometendo mais crianças. A penetração da pulga ocorre nos pés, quando a fêmea irá inserir-se no tecido vivo para alimentar-se de sangue, enquanto matura seus ovos. As estruturas respiratória e reprodutora ficam expostas ao meio externo por um orifício e, assim ela vai liberando seus ovos por um método chamado de “bola de canhão”. Os principais sintomas são prurido e dor, podendo ocorrer dificuldade de deambulação e perda de unhas ou dedos. A larva migrans cutânea é conhecida como “bicho geográfico”. Seu agente são as larvas de helmintos como Ancylostoma braziliense ou A. caninum. A transmissão ocorre pelo contato com solo ou fômites contaminados por fezes de cães e gatos hospedeiros. Ocorre em terrenos arenosos, sendo a circulação de animais um fator de risco. As crianças são as mais acometidas. O ser humano é um hospedeiro acidental e as larvas invadem o corpo humano através da pele e não conseguem atingir tecidos mais profundos, ficando retidas na camada subcutânea. Começam a se movimentar ao acaso, destruindo a camada germinativa de Malpighi, criando túneis microscópicos que produzem uma reação inflamatória com infiltrado eosinofílico e mononuclear. Essa inflamação gera prurido e forma o sinal característico da doença, que são lesões serpenginosas eritematosas. A Pediculose é causada pelo Pediculus humanus corporus, Pediculus humanus capitis e Pthirus púbis. A transmissão pode ser tanto por contato direto ou indireto. Utiliza pelos e fios de cabelo como suporte para se apoiarem e perfurarem a pele do hospedeiro para poder se alimentar de seu sangue. Sua saliva possui toxinas analgésicas e anticoagulantes, para sua alimentação. Essas são, muitas vezes, as causadoras das reações de sensibilidade que geram o prurido característico dessa doença. O P. humanus corporusé mais comum de climas frios e o P. humanus capitis é mais comum de climas quentes, com grande quantidade no Brasil. Não sobrevivem muito tempo fora do hospedeiro, sucumbindo em um dia à dessecação e inanição. O diagnóstico dessas doenças é feito através da clínica. Uma boa anamnese colhida e um exame físico minucioso, com detalhada inspeção visual, podem indicar as lesões características ou até mesmo a visualização dos parasitas. A epidemiologia também é um fator de auxílio para esse diagnóstico. O tratamento é realizado, no caso da tungíase e pediculose, pela remoção mecânica do parasita em ambiente asséptico. Outra possibilidade é o uso de Ivermectina como tratamento por via oral. No caso da larva migrans cutânea, é viável a utilização de pomadas como Tiabendazol tópico e, em casos mais graves, usa-se Tiabendazol sistêmico, Albandazol ou Ivermectina. A profilaxia dessas doenças são medidas simples que, muitas vezes, são ignoradas pela população, como a utilização de calçados fechados, a lavagem adequada de roupas e o controle da circulação de animais. Um processo de educação da população é necessário, para que as devidas medidas preventivas possam ser tomadas e a população tome consciência de como se proteger desses parasitas. Conclusão: Percebe-se que essas ectoparasitoses são ainda muito presentes na população brasileira, acometendo, principalmente, comunidades de baixo www.unifoa.edu.br/editorafoa 100 ISBN: aguardando registro desenvolvimento socioeconômico, onde encontramos indivíduos desinformados. Com o desenvolvimento de medidas de educação da população, deixando-a ciente das maneiras de prevenção dessas doenças, a morbidade poderá ser reduzida em larga escala.

Referências

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Publicado

15-05-2015

Como Citar

Ricardo Rodrigues Guedes, A., Arêas Garbois, B., Nicolite de Azevedo, B., Novaes da Silva Camargo, B., Magalhães Rocha Dias, G., Regis Cruz, I., Guimarães de Oliveira, J., Silva Rodrigues, M., Dias Ferreira, M., & Wogel Tavares, H. (2015). Ectoparasitoses brasileiras hiperendêmicas. Congresso Médico Acadêmico UniFOA, 2. https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.675.2.2015

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