A comunicação do câncer na oncopediatria

um desafio na Práxis médica

Autores

  • João Otávio Bellotti Rossi Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Sônia Cardoso Moreira Garcia Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.

DOI:

https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.628.2.2015

Palavras-chave:

Comunicação, câncer, oncopediatria

Resumo

Introdução: Em uma visão de subjetividade dentro de uma perspectiva históricocultural, abordar o câncer enquanto doença nos faz deparar com uma das mais relevantes e intrigantes questões: os estereótipos, os significados e os sentidos que o acompanham. O câncer representa uma doença que traz consigo o estigma de morte incorporado à nossa cultura e que se traduz necessariamente numa relação médico e paciente com características singulares, diferenciando-a de situações menos contundentes (YAMAGUCHI, 2002). De mãos dessa premissa, devemos esclarecer como se dá, de fato, o processo e a gravidade real do adoecimento pelo câncer, sendo que a solução não deve estar ancorada na hipótese de se deixar de anunciar a verdade do adoecimento para os pacientes, mas sim, de reconstruir o conceito da doença, ressignificando-a em seus sentidos e, com isso, desmistificando-a. A ocorrência do câncer aumenta com a idade e a maioria dos casos acontece entre adultos de meia idade ou ainda mais velhos. Entretanto, pode também acometer jovens e crianças, o que torna o diagnóstico da doença, culturalmente, ainda mais sombrio. Entretanto, é cientificamente comprovado que o câncer, nessa faixa etária, é de melhor prognóstico. Acompanhados por Vale (2002), temos como toda doença grave e aqui, o câncer infantil, vem perdendo sua característica de doença aguda e fatal, passando a ter especificidades de doença crônica e, em muitos casos, passível de cura. Caminhando, temos a oncopediatria que é a área da Medicina que cuida, especificamente, dos pacientes infanto-juvenis que possuem diagnóstico de câncer, patologia essa que causa grande impacto na vida do paciente, de sua rede familiar e rede social e, isso, devido aos seus estereótipos negativos que deslizam desde os emocionais quanto aos psicológicos, levando a um grande envolvimento e mergulho do médico, da criança com câncer e sua família, tríade do cuidado e da atenção, a uma situação impactante e assustadora. Objetivo: Apresentar a necessidade real em voltarmos nossas atenções para a mobilização de aspectos positivos, dentre eles, recursos emocionais internos, diante da boa performance que se apresenta, a partir da comunicação do diagnóstico, dentro do contexto da oncologia pediátrica, promovendo reflexões para alcançarmos a oxigenação das relações interpessoais e, nelas, a humanização da comunicação da má notícia diante do diagnóstico de câncer pediátrico. Metodologia: O projeto foi delineado didaticamente passando por cinco etapas: epistemológica, teórica, técnica, morfológica e analítico-conclusiva, com o uso da Tabela de Análise de texto das Dimensões Novikoff. Serão utilizadas as bases de dados LILACS, BVS, MEDLINE, PubMed, UpToDate com os descritores “oncopediatria”, “má notícia” e “comunicação”,além de literaturas como Robbins & Cotran e fontes governamentais como a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e Instituto Nacional do Câncer (INCA). Justificativa: Auxiliar, de forma decisiva, as equipes de tratamento do câncer pediátrico na estruturação das relações pessoais com seus pacientes, modificandoas, em sua essência e, com isso, alcançando a excelência na comunicação e tratamento. Considerações finais: O paciente oncopediátrico e sua rede revelam aos médicos que há algo para além do olhar técnico que está influenciando o andamento do tratamento e do desfecho. Este algo denuncia a necessidade de esclarecermos qual deve ser o pilar para a sustentação da comunicação da má notícia, junto a esse grupo infantil. E mais, se possível, na impossibilidade de efetivação do referido pilar, que haja uma sistematização para esse fim, de forma que seja desenhado e praticado com as nuances da humanização, que sejam pautadas no conhecimento prévio de que uma comunicação empática e com afetos positivos entre médico e paciente podem contribuir como fatores diferenciados e humanizantes em saúde e, com isso, acreditamos que haja uma melhor adesão do paciente e seus responsáveis legais ao tratamento.

Referências

ABBAS, A.K. et al. Robbins &Cotran patologia. Bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2010, 1458 p.

AFONSO, S. B. C.; MINAYO, M. C. S. Notícias difíceis e o posicionamento dos oncopediatras: revisão bibliográfica. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n.9, p. 2747-2756, 2013.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (Brasil). Câncer na criança e no adolescente no Brasil: dados dos registros de base populacional e de mortalidade. Rio de Janeiro: INCA, 2008. DESLANDES S. F. Humanização: revisitando o conceito a partir das contribuições da sociologia médica. In: Deslandes S. F. (organizador). Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2006. p. 33-47.

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Publicado

15-05-2015

Como Citar

Bellotti Rossi, J. O., & Cardoso Moreira Garcia, S. (2015). A comunicação do câncer na oncopediatria: um desafio na Práxis médica. Congresso Médico Acadêmico UniFOA, 2. https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.628.2.2015

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