Esporotricose Tegumentar e Esporotricose Ocular associada a Síndrome Oculoglandular de Parinaud (SOP) tratadas na Fiocruz, RJ
DOI:
https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.1564.10.2024Palavras-chave:
Esporotricose, Zoonose, Pele, Mucosa, ItraconazolResumo
A esporotricose é uma zoonose transmitida por felinos portadores do fungo Sporothrix, que podem causar lesões localizadas ou generalizadas no hospedeiro. O fungo não é capaz de ultrapassar a barreira cutânea, devendo, portanto, ser inoculado através de arranhadura, fômites contaminados ou espirros. Na pele de humanos causam úlceras dolorosas, pruriginosas, pustulares e não cicatriciais. Na mucosa ocular causa conjuntivite granulomatosa associada a lifadenomegalia, caracterizando a Síndrome Oculoglandular de Parinaud (SOP), sendo lesões dolorosas, hiperemia conjuntival, diminuição da acuidade visual e secreção. Tem importância em saúde pública principalmente nos indivíduos imunocomprometidos e portadores de doenças crônicas e terminais. É doença endêmica em alguns estados brasileiros, como Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Paraíba, Bahia e Minas Gerais. O diagnóstico é feito por meio da anamnese, sinais e sintomas clínicos e exames complementares, como imuno-histoquímica ELISA, cultivo fúngico ou histopatologia. Os diagnósticos diferenciais incluem leishmaniose, piodermite bacteriana e infecções fúngicas. O tratamento de eleição é com itraconazol na dose de 100 mg/dia até a completa regressão dos sinais e sintomas, que varia de, no mínimo, 12 semanas. O devido relato de experiência é de um dos autores, que veio a adquirir a esporotricose ocular e tegumentar na rotina clínica veterinária, a qual teve dificuldade de diagnóstico, que somente foi esclarecido no Instituto de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fiocruz, RJ. O objetivo desse artigo é relatar sinais e sintomas da esporotricose nessa paciente, diagnóstico e tratamento. Os sinais foram compatíveis com a SOP e afecção tegumentar, com evolução de 20 dias pós arranhadura de gato. Foram necessários 98 dias de medicação para a completa regressão das feridas, no entanto foi prescrito itraconazol na dose de 100 mg a cada 12 horas. Portanto, embora seja uma doença de notificação compulsória no Rio de Janeiro, houve dificuldade no diagnóstico, sugerindo-se a ampliação de medidas de vigilância e controle no estado.
Referências
BARROS, M.B., ALMEIDA-PAES R., SCHUBACH, A.O. Sporothrix schenckii and sporotrichosis. Clinical Microbiology Reviews. 2011; 24:633-54.
BARROS, M.B.; SCHUBACH, A.O.; DO VALLE, A.C., et al. Cat-transmitted sporotrichosis epidemic in Rio de Janeiro, Brazil: description of a series of cases. Clinical Infectious Diseases. 2004; 38:529–35
CABANES, F.J. Sporotrichosis in Brazil: animals + humans = one health. Revista Iberoamericana de Micologia. 2020;37(3-4):73-4.
CONTI DIAZ, I.A.; CIVILA, E.; GEZUELE E., et al. Treatment of human cutaneous sporotrichosis with itraconazole. Mycoses. 1992; 35:153–6.
DE LIMA BARROS, M. B. et al. Treatment of Cutaneous Sporotrichosis With Itraconazole--Study of 645 Patients. Clinical Infectious Diseases, v. 52, n. 12, p. e200–e206, 31 maio 2011.
Esporotricose Humana. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/e/esporotricose-humana#:~:text=A%20esporotricose%20pode%20ser%20diagnosticada>.
FALCÃO, E. M. M.; LIMA FILHO, J.B.; CAMPOS, D.P.; et al. Hospitalizações e óbitos relacionados à esporotricose no Brasil (1992-2015). Cadernos de Saúde Publica. 2019;35(4):e00109218.
FREITAS D.F.; DO VALLE, A.C.; DA SILVA, M.B.T.; et al. Sporotrichosis: an emerging neglected opportunistic infection in HIV-infected patients in Rio de Janeiro, Brazil. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2014; 8:e3110
FURTADO, L.D.O.; BIANCARDI, A.L.; CRAVO, L.M.D.S.; et al. Esporotricose ocular: manifestações atípicas. Revista Brasileira de Oftalmolgia. 2019;78(1):59-61.
GREMIÃO, I.D.F.; MIRANDA, L. H. M; REIS; et al. Zoonotic epidemic of sporotrichosis: cat to human transmission. PLOS Pathogens. 2017:1-7.
HEKTOEN, L.; PERKINS, C.F. Refractory subcutaneous abscesses caused by Sporothrix schenckii. A new pathogenic fungus. Journal of Experimental Medicine.1900;5(1):77-89.
KAUFFMAN, C.A.; BUSTAMANTE, B.; CHAPMAN, S.W.; et al. Clinical practice guidelines for the management of sporotrichosis: 2007 update by the Infectious Diseases Society of America. Clinical Infectious Diseases. 2007; 45:1255–65.
LORTHOLARY, O.; DENNING, D.W.; DUPONTB. Endemic mycoses: a treatment update. Journal of Antimicrobial Chemotherapy. 1999; 43:321–31.
RAMÍREZ-SOTO, M. C.; TIRADO-SÁNCHEZ, A.; BONIFAZ, A. Ocular Sporotrichosis. Journal of Fungi, v. 7, n. 11, p. 951, 10 nov. 2021.
RIPPON J. Sporotrichosis. In: Rippon J, ed: Medical mycology—The pathogenic fungi and the pathogenic actinomycetes. 3rd ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1988: 325–52.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Congresso Médico Acadêmico UniFOA
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.