Visões Atuais sobre a Fisiopatologia da Esquizofrenia

Autores

  • Vivane Pontes de Souza Porto Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.

DOI:

https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.846.1.2014

Palavras-chave:

Esquizofrenia, fisiopatologia, sistemas de neurotransmissores

Resumo

Introdução: A definição de esquizofrenia, segundo Silva (2006), indica uma psicose crônica idiopática, demonstrando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se assemelham e se sobrepõem. A esquizofrenia é uma patologia do sistema nervoso central (SNC) que incide sobre cerca de 1-2% da população mundial, cuja distribuição independe de sexo, idade, raça e nível socioeconômico, representando enorme desafio à neurociência. (ROWLEY, M.; BRISTOW,L.J.; HUSTON, P.H.,2001; WONG, A.H.C.; VAN TOL, H.H.M., 2003, apud MENEGATI, R. et. al, 2004). De acordo com Araripe Neto, Bressan e Busatto Filho (2007), a compreensão fisiopatológica da esquizofrenia avançou bastante no último século, evoluindo de teorias etiológicas uni causais para modelos mais complexos que consideram a interação de inúmeros fatores genéticos e ambientais. Para tanto, estudos epidemiológicos sobre fatores de risco, foram associados a estudos neuropatológicos e de neuroimagem, sugerindo um modelo interativo em que inúmeros fatores atuam conjuntamente provocando alterações mais globais no desenvolvimento cerebral. Estudos neuropatológicos têm investigado também aspectos neuroquímicos na esquizofrenia, classicamente por meio do uso de radioligantes que marcam subtipos específicos de receptores cerebrais (FARDE, L., 1997 apud FILHO BUSATTO, G., 2000). A integração de diferentes sistemas de neurotransmissores já havia sido prevista por estudiosos, como por exemplo Lieberman, Mailman e Duncam (1998) apud Silva (2006) inferem que além do sistema dopaminérgico, outros sistemas de neurotransmissores centrais desempenhariam algum papel, sendo provável que vários sistemas estejam envolvidos simultaneamente, entre eles o serotoninérgico, glutamatérgico, colinérgico, noradrenérgico, GABAérgico, purinérgico e ainda pode haver interferência de neuropeptídios e do óxido nítrico. O grau de entendimento de cada um desses sistemas na fisiopatologia da esquizofrenia varia, entretanto, projeta-se que esses e ainda outros neurotransmissores não identificados possam atuar no desenvolvimento dessa doença, assim como outros fatores. Objetivos: A presente pesquisa aborda a esquizofrenia, procurando abarcar e resumir os principais consensos acerca desta patologia, levando em conta o que de novo tem sido exposto nas últimas décadas. Visto que essa patologia intriga médicos e pesquisadores desde sua identificação, seu conceito sofreu mudanças ao longo do tempo e novas descobertas foram realizadas acerca de sua fisiopatologia. Apesar de não existir uma explicação definitiva sobre a esquizofrenia, avanços vêm sendo feitos e tem-se mudado o olhar sobre tal desordem psicológica, logo faz-se relevante a reunião de conceitos aqui feita, de modo a compor o estado da arte atual em relação à doença. Ressalte-se que uma melhor compreensão do desenvolvimento da doença é primordial para surgimento de tratamentos mais eficazes. Metodologia: Para a realização dessa revisão, foram pesquisados artigos na base de dados Scielo, PubMed e no sítio de revistas nacionais e internacionais como Revista Brasileira de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria Clínica, Revista Brasileira de Psiquiatria, The American Journal of Psychiatry, Psychopharmacology Journal , entre outras, utilizando os unitermos "esquizofrenia", "fisiopatologia", "hipótese dopaminérgica", "hipótese glutamatérgica" e "neurofisiologia". Além dos livros Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica (SADOCK, B.J. e SADOCK, V.A.) e Psiquiatria (BLEULER, E).

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Publicado

04-10-2014

Como Citar

Pontes de Souza Porto, V. (2014). Visões Atuais sobre a Fisiopatologia da Esquizofrenia. Congresso Médico Acadêmico UniFOA, 1. https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.846.1.2014

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