Paracoccidioidomicose na forma crônica do adulto em morador de área urbana

um relato de caso

Autores

  • Fernanda Teodora de Souza Abrantes Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Amanda Moreira Pimentel Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Henrique Rivoli Rossi Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Marcelle de Novaes Tavares Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Natália Cânedo Almeida Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Tchandra Andrade Gomide Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Janine Capobiango Martins Médica Residente em Clínica Médica – Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa.
  • Nathália Monerat Pinto Blazuti Barreto Médica Residente em Clínica Médica – Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa.

DOI:

https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.797.1.2014

Palavras-chave:

Paracoccidioidomicose, forma crônica adulta, área urbana

Resumo

Introdução: A Paracoccidioidomicose (PCM), também conhecida como blastomicose sulamericana ou Doença de Lutz-Splendore-Almeida, é uma micose sistêmica endêmica, causada pelo fungo termo-dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. A porta de entrada mais freqüente do fungo é o trato respiratório superior, através da inalação de conídios, sendo os pulmões e as vias aéreas superiores os primeiros locais acometidos. A partir daí pode haver disseminação do fungo para outros locais, tanto por via hematogênica como linfática¹. É uma doença infecciosa crônica limitada aos países da América Latina². Objetivo: Descrever um caso clínico de PCM com apresentação inicial similar à pneumonia e/ou doença obstrutiva crônica, assim como sua investigação e evolução. Relato de caso: A.S.P., 45 anos, sexo masculino, pardo, morador de zona urbana, casado, tabagista. Deu entrada no pronto socorro de hospital de nível terciário, queixando-se de disfagia, apatia, emagrecimento e dispnéia de piora progressiva nos últimos 6 meses, com vindas frequentes ao pronto socorro, sendo tratado como pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica associada ao tabagismo, sem melhora do quadro. Ao exame: hipocorado, hidratado, anictérico, acianótico. Aparelho respiratório: murmúrio vesicular universalmente audível com estertores finos difusos. Aparelhos cardiovascular, digestório, membros inferiores e superiores sem alterações. Apresenta lesão ulcerativa em palato a qual foi realizada biópsia para histopatológico. Radiografia de tórax infiltrado em vidro fosco difuso, associada a áreas de fibrose intersticial. Sorologia para HIV negativa. Pela anamnese e clínica foi iniciado empiricamente Sulfametoxazol-Trimetropim (SMXTMP), aguardando resultado de biópsia. Após 15 dias, o resultado histopatológico confirma diagnóstico de PCM. Resultados: O paciente acima apresentou melhora clínica considerável, recebendo alta em uso de SMXTMP por cerca de 12 meses em acompanhamento ambulatorial e reabilitação pulmonar. Diferente de outros fungos patogênicos, P. brasiliensis é fungo sensível à maioria das drogas antifúngicas, inclusive aos sulfamídicos. O itraconazol é a melhor droga e poderia ser utilizada por menor tempo, porém, não está disponível na rede pública de todos os Estados. O tratamento de escolha então é realizado com SMXTMP, por pelo menos 12 meses. Caso não haja resposta satisfatória, associa-se um derivado azólico (cetoconazol, fluconazol ou itraconazol) pelo mesmo período. A anfotericina B é usada nos casos graves da doença. Devese restringir fumo e álcool (1). O tratamento é de longa duração e os pacientes devem ser acompanhados até atingir os critérios de cura, como melhora clínica, radiológica (padrão normal de duas imagens por pelo menos 3 meses) e imunológica (estabilização da imunodifusão em 1:2 ou negativação em duas amostras com intervalo de 6 meses após o tratamento). Os termos “cura aparente” ou “cura clínica” devem ser empregados, pois existe um risco potencial de uma reativação tardia da doença. Conclusão: Muitos casos de PCM normalmente são negligenciados ou confundidos com outras doenças mais freqüentes, como ocorreu com o paciente acima Há uma grande a quantidade de doentes que necessitam de assistência médica de longo prazo nas regiões de maior endemicidade, tornando a moléstia, pela sua prevalência, um importante problema de saúde pública.

Referências

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Publicado

04-10-2014

Como Citar

Teodora de Souza Abrantes, F., Moreira Pimentel, A., Rivoli Rossi, H., de Novaes Tavares, M., Cânedo Almeida, N., Andrade Gomide, T., Capobiango Martins, J., & Monerat Pinto Blazuti Barreto, N. (2014). Paracoccidioidomicose na forma crônica do adulto em morador de área urbana: um relato de caso. Congresso Médico Acadêmico UniFOA, 1. https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.797.1.2014

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