Massa Cervical Fistulizante em paciente HIV Soropositivo
Linfoma Tipo B de grandes células no diagnóstico diferencial
DOI:
https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.789.1.2014Palavras-chave:
HIV soropositivo, linfoma de grandes células BResumo
Introdução: Os linfomas não-Hodgkin (LNH) são doenças malignas clonais que resultam de mutações na célula linfoide progenitora4. É a segunda neoplasia mais comum nos pacientes soropositivos, uma vez que o risco nestes é aproximadamente 60 a 100 vezes superior ao da população soronegativa, abrangendo todas as idades com predomínio em sexo masculino de raça branca. O risco aumentado de desenvolvimento do LNH nos pacientes infectados pelo HIV é mais frequente nos pacientes com contagem de CD4 menor que 50/mm32. O linfoma difuso de grandes células B é o subtipo de LNH mais frequente, cerca de 30% a 35% dos casos. Tratase de uma doença clínica e biologicamente heterogênea, cuja patogênese envolve acúmulo de múltiplos eventos genéticos em diferentes genes. Mais de dois terços dos pacientes se apresentam com linfoadenopatia, e sintomas B (febre, sudorese noturna e emagrecimento) são observados em cerca de 40%, indicando doença agressiva1. Alguns abrem o quadro com emergências oncológicas, incluindo síndrome de lise tumoral, síndrome de compressão medular e hipercalcemia. Estas alterações podem ser fatais e devem ser prontamente reconhecidas e tratadas2. A maior parte dos pacientes não é elegível para tratamento com potencial curativo, já que a grande maioria se apresenta com doença avançada. As taxas de respostas iniciais são altas com quimioterapia (40 a 50% de respostas completas), porém o prognóstico destes pacientes é pior quando comparado com linfomas da mesma histologia em pacientes não infectados pelo HIV3. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar um caso de linfoma tipo B de grandes células com alta prevalência em pacientes HIV soropositivo. Relato: C.B., 49 anos, sexo masculino, deu entrada no pronto socorro queixando-se de massa cervical de evolução há6 meses em investigação na unidade básica de saúde. Relatava disfagia à sólidos, emagrecimento de cerca de 10 quilos. Ao exame: fácies caquética e hipocorado (+++/4+). Presença de massa cervical retroauricular coalescente à direita com ponto de fistulização em drenagem de secreção seropulenta associada à linfadenopatia pré-auricular bilateral. Apresentava anemia e teste rápido positivo para HIV. Durante internação foi descoberto que a esposa do paciente é soropositiva em uso de TARV (terapia anti retroviral) há 10 anos e o paciente discordava de procurar auxílio médico. Radiografia de tórax: presença de massa mediastinal. Tomografia de cervical e tórax: massa cervical aderida a planos profundos com centro necrótico, massa mediastinal coalescente com acometimento de linfonodos paraaórticos. O histopatológico de gânglio cervical evidenciouLinfoma tipo B de grandes células. Evoluiu com depressão e alterações de comportamento. Foi realizada tomografia de crânio com presença de massa de grande extensão gerando desvio de linha média. O serviço de infectologia sugeriu iniciar esquema TARV, porém o paciente evoluiu com pneumonia não responsiva a antibioticoterapia vindo a óbito antes do início do tratamento oncológico. Conclusão: Quando associado ao HIV, diversas referências classificam o linfoma tipo B de grandes células como imunoblástico, devido à relação de maior agressividade. O relato confirma nossa realidade onde o acesso ao serviço de saúde ocorre em quadro avançado de doença reservando um prognóstico restrito. Em nosso país, pouco é sabido sobre a incidência, o comportamento clínico e a sobrevida dos pacientes com linfoma e SIDA na era pós-TARV. Portanto, os estudos devem ser realizados com maior frequência afim de um diagnóstico precoce e redução da mortalidade por estas doenças.
Referências
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