Manifestação Cutânea rara na forma aguda juvenil da Paracoccidioidomicose

Autores

  • Marcela Santos Carvalho Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Andrea Magagnini Torres Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Carolina Seabra Gabrielle Pacheco Alcântara Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Elora Silva Lopes Leitão Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Wendy do Carmo Aguiar Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Janine Capobiango Martins Médica Residente em Clínica Médica – Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa.
  • Nathália Monerat Pinto Blazuti Barreto Médica residente em Clínica Médica em Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa.

Palavras-chave:

paracoccidioidomicose, lesões tegumentares

Resumo

Introdução: Micose sistêmica endêmica de grande interesse para os países da América Latina, a paracoccidioidomicose (PCM), também conhecida como Blastomicose Sul Americana, é causada pelo fungo termodimórfico Paracoccidioides brasiliensis. Apresenta distribuição heterogênea, havendo áreas de baixa e alta endemicidade1. Atinge cerca de 10% da população em regiões subtropicais do Brasil, afetando, sobretudo a população agrícola, com maior incidência entre os 25 e 60 anos2. No adulto, a forma clínica predominante é a crônica, mas quando acomete crianças ou adolescentes apresenta-se na forma aguda ou subaguda1. A presença de lesões orocutâneas (tegumentares) específicas é de grande importância por seu valor diagnóstico e significado clínico, no entanto só são detectadas em 30% dos pacientes jovens portadores de PCM. A lesão cutânea na paracoccidioidomicose tem origem da disseminação hematogênica do fungo, de lesão contígua preexistente ou, muito raramente, de inoculação do fungo diretamente na pele. As úlceras tendem a ser “limpas”, não infectadas; o fundo apresenta-se granuloso fino, com pontilhado hemorrágico3. Quando não diagnosticada e tratada oportunamente, a PCM pode levar a formas disseminadas graves e letais, com rápido e progressivo envolvimento dos pulmões, tegumento, gânglios, baço, fígado e órgãos linfoides do tubo digestivo1. A terapêutica consiste na combinação de sulfametoxazoltrimetropim, na dose de ataque de 2.400 a 3.200 mg/dia, o itraconazol na dose de ataque de 200mg/dia durante um ou dois meses e manutenção com 100mg/dia por período que pode variar de seis a oito meses, e anfotericina B, para casos graves, na dose de 0,5 a 1mg/kg/dia ou em dias alternados4. Objetivos: O objetivo deste trabalho é relatar um caso de uma manifestação rara de paracoccidioidomicose, na sua forma aguda juvenil. Relato de Caso: R.L., 23 anos, branco, morador de zona urbana de Barra Mansa, RJ, deu entrada no pronto-socorro de uma instituição de nível terciário queixando-se de lesões cutâneas em face, tronco, abdome e dorso, com piora progressiva das lesões nos últimos 6 meses, associadas a picos febris ocasionais. Ao exame apresentava-se lúcido, orientado, eupneico, hidratado, hipocorado +/4+, anictérico e acianótico, com presença de lesões granulomatosas de fundo sujo com sinais flogísticos em face, tronco, membros superiores, abdome e dorso. Restante do exame físico sem alterações. Exames laboratoriais feitos no dia demonstraram anemia, leucocitose e trombocitose. Sorologias para HIV, citomegalovírus, Epstein Baar e rubéola foram negativas, assim como PPD e cultura das lesões para tuberculose. Histopatológico de lesões cutâneas com presença de Paracoccidioides brasiliensis. Devido ao quadro de infecção secundária cutânea, foi realizado por 10 dias oxacilina com excelente resposta e melhora dos exames laboratoriais. Após os dez dias, foi iniciado sulfametoxazol-trimetropim com melhora progressiva das lesões. Paciente evoluiu com entumescimento e abscessos em cadeias ganglionares cervical e axilar, bilateralmente. Dessa forma, foi associado itraconazol ao tratamento, com melhora do quadro. Conclusão: A localização cutâneo-mucosa da PCM é frequente e especialmente útil para o clínico, devido ao fácil acesso para biópsia e confirmação diagnóstica, além de auxiliar na interpretação da gravidade do caso e indicar evolução para cura ou persistência da atividade. Deve-se ressaltar a baixa prevalência de lesões mucosas nos pacientes com a forma aguda-subaguda (tipo juvenil) da PCM e a importância do diagnóstico e tratamento precoce para impedir a disseminação da doença.

Referências

SHIKANAI-YASSUDA, M. A., et al.. Consenso em paracoccidioidomicose. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. vol.39, n.3, p.297-310. Mai-Jun, 2006.

ARMAS, M., et al. Paracoccidioidomicose pulmonar: relato de caso clínico com aspetos em tomografia computorizada. Rev Port Pneumol. vol.18, n.4, p.190-193. 2012.

MARQUES, S. A., et al.. Paracoccidioidomicose: frequência, morfologia e patogênese das lesões tegumentares. An Bras Dermatol. vol.82, n.4, p.411-4117. 2007.

MARQUES, S. A. Paracoccidioidomicose: atualização epidemiológica, clínica e terapêutica. An. Bras. Dermatol. vol.78, n.2. Rio de Janeiro Mar./Apr. 2003.

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Publicado

04-10-2014

Como Citar

Santos Carvalho, M., Magagnini Torres, A., Seabra Gabrielle Pacheco Alcântara, C., Silva Lopes Leitão, E., do Carmo Aguiar, W., Capobiango Martins, J., & Monerat Pinto Blazuti Barreto, N. (2014). Manifestação Cutânea rara na forma aguda juvenil da Paracoccidioidomicose. Congresso Médico Acadêmico UniFOA, 1. Recuperado de https://conferencias.unifoa.edu.br/congresso-medvr/article/view/788

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