Farmacodermia induzida por carbamazepina

relato de caso

Autores

  • Fernanda Sodero de Freitas Caramez Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • Hellen Tatiane de Pontes Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, RJ - UniFOA.
  • André Luiz de Oliveira Clínica Médica – Hospital São João Batista, Volta Redonda, RJ.
  • Niara da Cunha Borges Clínica Médica – Hospital São João Batista, Volta Redonda, RJ.

DOI:

https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.680.2.2015

Palavras-chave:

Carbamazepina, farmacodermia, reações de hipersensibilidade

Resumo

Introdução: A Síndrome de Hipersensibilidade ao Anticonvulsivante (SHA) é uma entidade clínica que se manifesta através de exuberante erupção cutânea, acompanhada de acometimento sistêmico que podem ser diretamente relacionadas ao uso desses medicamentos. Os sintomas têm início duas a oito semanas após o início da droga e regridem completamente após a sua suspensão. Estima-se que sua ocorrência seja de 1 caso para cada 1.000 a 10.000 pessoas expostas à droga, sendo especialmente mais comum entre pacientes da raça negra. A erupção é caracterizada por um exantema morbiliforme que acomete inicialmente face, tronco superior e extremidades de membros superiores, com posterior progressão para membros inferiores. Edema de face pode ocorrer, sendo bastante evidente, e constitui-se em um sinal de alerta para o diagnóstico. Uma vez firmado o diagnóstico de SHA, depois de excluídas outras possibilidades de diagnósticos diferenciais, o tratamento proposto baseia-se, além da pronta suspensão da droga, no uso de corticosteroides sistêmicos, permitindo melhora acentuada dos sintomas e dos parâmetros laboratoriais. Objetivos: Relatar um caso clínico vivenciado no internato de clínica médica no Hospital São João Batista (HSJB), e realizar uma discussão sobre os aspectos clínicos relacionados ao desenvolvimento de reações farmacológicas ligadas ao uso da Carbamazepina. Relato do caso: A.L.B, 17 anos, parda, solteira, estudante, natural de Volta Redonda RJ. Admitida no PSA do HJSB, acompanhada pela mãe, no dia 01/03/2015, com queixa de “mancha no corpo e mal estar”. Relata início dos sintomas há cerca de 15 dias com pequena mancha em pescoço e dor de garganta, acompanhada de odinofagia, tendo, na ocasião, suspendido o uso da Carbamazepina. Ao exame, apresentava-se em regular estado geral, com edema face e lesões de comissura labial, exantema morbiliforme difuso, anictérica, acianótica. Referia dificuldade para se alimentar devido às lesões orais. Gânglios cervicais anteriores palpálveis, móveis, elásticos, de aproximadamente 0,5 – 1,0 cm. Os exames laboratoriais da admissão revelaram leucocitose (33.800 cels/mm3) com desvio para a esquerda (10% bastões) e eosinofilia (22%). Sorologias para rubéola, toxoplasmose, hepatites A, B e C, Sífilis e Antiestreptolisina O foram negativos. Durante a internação, foi tratada com Fluconazol 200mg EV 12/12h (pelas suspeita de candidíase), Hidrocortisona 500 mg 8/8 horas, Cetoconazol e Dexametasona creme (02 aplicações ao dia), nas lesões cutâneas, além de tratamento de suporte clínico. No sexto dia de internação, teve alta hospitalar. Evoluiu com descamação difusa furfurácea das lesões e melhora progressiva, com resolução total do quadro quinze dias após a alta. Resultados: O diagnóstico de reação farmacológica à carbamazepina, apesar de raro, é um diagnóstico de exclusão, corroborado pelo desaparecimento das lesões e melhora laboratorial, após a suspensão da droga. As sorologias negativas afastaram as causas mais prováveis de eritema morbiliforme, de acordo com as características verificadas no momento da admissão. Ao mesmo tempo, a suspensão da droga imediatamente após o inicio das reações, aliada ao tratamento de suporte clinico recebido, culminaram com a total reversão das lesões cutâneas e mucosas, assim como a normalização dos parâmetros laboratoriais, permitindo, dessa maneira, o diagnóstico de reação farmacológica a carbamazepina. Conclusões: Os fármacos anticonvulsivantes estão amplamente relacionados à ocorrência de reações de hipersensibilidade, que podem ir, desde erupções cutâneas localizadas e restritas a algumas partes do corpo, até o acometimento sistêmico, com agravos à função de múltiplos órgãos, em especial ao fígado. Saber reconhecer, de forma rápida, a ocorrência desse tipo de reação é de suma importância para a prevenção e limitação dos danos, em especial à lesão hepática, que pode representar risco de vida ao paciente.

Referências

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Publicado

15-05-2015

Como Citar

Sodero de Freitas Caramez, F., de Pontes, H. T., de Oliveira, A. L., & da Cunha Borges, N. (2015). Farmacodermia induzida por carbamazepina: relato de caso. Congresso Médico Acadêmico UniFOA, 2. https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.680.2.2015