Abordagem conservadora em ferimentos penetrantes por armas
uma revisão abrangente
DOI:
https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.2038.2025%25gPalavras-chave:
Emergência, ferimentos por arma de fogo, traumaResumo
Em 2022, o Brasil registrou 1.367 óbitos decorrentes de ferimentos causados por armas de fogo e armas brancas, com maior incidência na região Sudeste. No período de janeiro a fevereiro de 2024, observou-se um aumento significativo nas internações por traumatismos penetrantes, o que evidencia a gravidade desses eventos no contexto da saúde pública. Enquanto lesões abdominais por armas brancas são frequentemente tratadas de maneira conservadora, ferimentos por armas de fogo ainda exigem intervenção cirúrgica em muitos casos. No entanto, indivíduos com ferimentos por arma de fogo no abdômen podem ser manejados de forma não operatória, desde que estejam hemodinamicamente estáveis. A decisão terapêutica, contudo, deve se basear na avaliação contínua pela equipe cirúrgica. Esta revisão narrativa da literatura, abrangendo o período de 2019 a 2024, teve como objetivo esclarecer a aplicabilidade da abordagem conservadora em ferimentos penetrantes causados por armas, com foco na viabilidade do tratamento não operatório seletivo em pacientes com condições adequadas para essa modalidade terapêutica. Foram identificados e analisados seis estudos relevantes que abordam o manejo conservador de traumas abdominais penetrantes causados por armas de fogo e armas brancas, fornecendo perspectivas importantes sobre sua efetividade e repercussões clínicas. Os estudos analisados demonstram que o tratamento não operatório pode apresentar resultados satisfatórios em casos de trauma abdominal penetrante, desde que o paciente esteja hemodinamicamente estável, não apresente sinais de peritonite e tenha lesões isoladas de órgãos sólidos, além de permitir um exame clínico confiável. A seleção adequada dos pacientes, aliada ao uso de exames laboratoriais e de imagem e ao acompanhamento por uma equipe capacitada, contribui para melhores desfechos. Dentre os benefícios observados estão a redução do tempo de internação, menores custos hospitalares e menor morbidade e mortalidade associadas ao trauma abdominal penetrante. Portanto é possível concluir que a abordagem conservadora representa uma estratégia viável e eficaz no manejo desses pacientes.
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